Simples.

Estavas errado. Eu nunca precisei de promessas e sonhos, eles nunca me foram favoráveis. Infiltram-se em mim, e eu acabo por me culpar, quando estes não são cumpridos. E magoa muito mais do que possas pensar. Prendem-me o olhar e as pernas, abafam-me o coração, soltam-me as lágrimas e dão-me noites sem dormir. É como aquilo que sinto por ti. Esmaga-me a cada dia que passa, suplica-me a morte do ser físico. E quantas vezes, já disse eu que estava cansada, e no entanto ainda cá continuo, com a mesma intenção de voltar para ti, em todas as vezes que te digo não, e que juro a mim própria que me afasto? Quantas vezes isso já aconteceu, e quantas vezes foi em vão? Todas. Estás demasiado preso a mim, e não era de todo, isso que eu queria. Não és, de qualquer maneira, a pessoa que mais sorrisos me dá, muito pelo contrário. Mas és aquela a quem as palavras não faltam, e a quem a vontade é sempre maior. E eu fico hipnotizada. Tu vens com palavras bonitas, e às vezes até mesmo duras, e eu volto a cair na tua rede, como se fosse um simples e inútil peixe. Depois cozinhas-me, e alimentas-te de mim, de cada parte de mim. Seguidamente volto a renascer. E é incrível, eu volto sempre parar a ti, sabendo perfeitamente que não me é favorável nadar nesse lado do rio. Mas vou sempre para lá. Nunca falha. Às vezes, ainda  dá prazer voltar a cair na tua rede, e ainda penso que vais cuidar de mim, e pôr-me num belo aquário, mas até agora, depois de tantas vezes em que me pescaste, nada disso aconteceu. Eu sou o teu alimento, mas tu não precisas necessariamente de mim. Tão simples quanto isso.